Hoje eu resolvi enfrentar um bloqueio, na verdade um trauma, e começar um diário da prática da presença de Deus, no caminho para a plenitude dele.

Para mim não é fácil escrever sobre experiências espirituais íntimas.

Primeiro, porque eu fui educado a abafar as experiências e mantê-las estritamente no meu coração para não correr o risco de as pessoas interpretarem mal e corromper o "verdadeiro conhecimento de Deus". 

Afinal, disseram-me na adolescência, não é a experiência a aferidora da vontade de Deus, mas sim o estudo dele na Bíblia, pelo caminho da Teologia.

Segundo, porque o relato destas experiências em determinado momento da minha vida, foi carregado de presunção e arrogância, na busca inconsciente de aceitação e reconhecimento, ainda que as experiências em si, fossem singelas e genuínas.

O resultado disso foi horrível e resolvi não mais compartilhar experiências e realizações pessoais publicamente, para não correr o risco de deixar o orgulho espiritual e a religiosidade ganharem espaço e corromper o caminho de outros com Deus.

Minhas experiências bastam a mim e cada um viva as suas próprias na intimidade com Deus, foi o que concluí. Basta o Evangelho e cada um siga seu caminho pessoal.

Hoje eu tenho 55 anos; nos últimos 15 eu empreendi uma jornada para fora da religião e para dentro de mim, com base na vida e exemplo de Jesus.

Não foi sem temor que resolvi iniciar este diário pessoal na prática da presença de Deus; na verdade, venho lutando com esta decisão há mais de um ano.

A luta é entre compartilhar apenas conteúdo do Evangelho x compartilhar experiências no Evangelho. Falo do conteúdo do Evangelho publicamente várias vezes durante a semana, mas silencio o máximo possível as experiências pessoais; elas estão restritas aos encontros secretos, a cada momento do dia, vividas no silêncio do coração, com vozes celestiais, cheio de paz.

Nestes últimos 15 anos, acredito ter encontrado o equilíbrio entre a voz de Deus que fala no coração e a voz dele nas páginas da Bíblia, sem as amarras da religião cristã.

Meus dois filhos são os responsáveis por eu decidir compartilhar minha experiência.

Será meu testemunho da sublimidade da vida com Jesus!

Com amor,

Adailton César - Brasília, 16/agosto/2021